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Parabéns Festival da Canção - Hoje revisitamos o Festival da Canção de 2006

11/08/2014 por Vasco C. Pereira

Em 2006, a RTP tentou revitalizar o Festival RTP da Canção e trazer o concurso de novo para a ribalta do panorama musical português.

Para tal, desafiou 5 produtores – Elvis Veiginha, José Marinho, Luís Oliveira, Ramón Galarza e Renato Júnior – a apresentar duas canções, sendo a escolha dos autores, compositores e intérpretes da sua inteira responsabilidade. Como regra, a RTP impôs que o poema das canções apresentasse uns apontamentos em inglês – situação pouco interessante, e que na grande maioria dos casos se veio a revelar muito forçada e pouco ajustada, uma vez que canções bilingues (ou com uma estrofe/refrão em inglês) raramente singram no Eurofestival.

Infelizmente, o esforço da RTP saiu frustrado, especialmente devido à qualidade das canções a concurso, que se revelaram, na sua grande maioria, medíocres e completamente inapropriadas para representar Portugal no Eurofestival.

O Festival decorreu no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL), no dia 10 de março, e teve como apresentadores Isabel Angelino, Jorge Gabriel, Helena Coelho, Daniel Oliveira, Helena Ramos e Eládio Clímaco.

Para além da apresentação das canções a concurso, ao longo da emissão foi possível assistir a pequenos tributos a diferentes canções que passaram previamente pelo festival. Estas homenagens musicais estiveram a cargo de Alexandra Valentim, Filipe Santos, Pedro Mimoso, Rui Drumond e Teresa Radamanto e foram distribuídas por quatro momentos diferentes.

O primeiro apontamento ocorreu no início do espetáculo e homenageou os dez primeiros anos do Festival RTP, tendo sido possível ouvir “Sol de inverno”, “Ele e ela”, “Tourada” e “E depois do adeus”. A seguir ao desfile do primeiro lote de 5 canções concorrentes surgiu o excerto que relembrou os anos entre 1975 e 1984, tendo sido interpretados “Uma flor de verde pinho”, “Um grande, grande amor”, “Playback” e o carismático “Bem bom”. No final do desfile das canções a concurso foi a vez dos anos entre 1985 e 1994, representados por “Não sejas mau para mim”, “Conquistador”, “Lusitana paixão”, “Amor de água fresca” e “Chamar a música”. Antes do anúncio da canção vencedora, foi a vez dos restantes anos, tendo sido cantados “O meu coração não tem cor” e a canção que nos representou no ESC anterior, “Amar”, por um dos seu intérpretes originais – Rui Drumond.

Interessante foi também a forma como o ocorreu a abertura deste festival: foram passadas imagens de apresentadores do passado, como Henrique Mendes, Carlos Cruz, Glória de Matos, Ana Zanatti, Eládio Clímaco, Nicolau Breyner, Fialho Gouveia, Valentina Torres, Manuela Moura Guedes, António Vitorino de Almeida, Manuela Carlos, Ana Paula Reis, Júlio Isidro, entre muitos outros. Uma justa homenagem aos locutores que dirigiram o espetáculo desde 1964.

Como referi anteriormente, eram dez as canções a concurso e a grande maioria era bastante medíocre e não se coadunavam minimamente com o propósito deste concurso. Apenas dois temas revelavam alguns trunfos, que nos poderiam ter trazido algum orgulho na Eurovisão.

A escolha da vencedora correspondeu à ponderação entre a votação atribuída por um painel de júris – Filipe la Féria, Simone de Oliveira, Fátima Lopes, Tozé Brito e João Gobern – e a votação alcançada por televoto.

Inacreditavelmente, o júri de sala considerou que a medíocre “Coisas de nada” era a melhor canção e que nos deveria representar em Atenas, atribuído o segundo lugar à muito melhor “Sem quem sou (Portugal)”. O televoto considerou exatamente o contrário, levando a que no final existisse um empate técnico entre estas duas canções.

Para grandes desagrado dos presentes no Centro de Congressos, Jorge Gabriel veio anunciar que em casa de empate, a opinião do júri prevaleceria. Assim, acabou por ganhar a canção das Non Stop. O público presente ficou extremamente desagradado com a situação, tendo demonstrado esse desagrado de forma inequívoca ao longo da reinterpretação da canção que levaríamos a Atenas.

Apesar de considerar a pior canção que alguma vez nos representou no Eurofestival e achar que a vitória deste tema nunca deveria ter acontecido, foi condenável o que se passou, uma vez que as quatro intérpretes apenas foram “culpadas” de defender a sua canção e nada tiveram a ver com a sua eleição.

No final, lá levamos as Non Stop a Atenas, onde cantaram ainda pior, se enganaram algumas vezes na entrada das estrofes e se apresentaram pessimamente em palco, graças ao senhor Dino Alves e ao seu péssimo gosto estético.

 

AS MINHAS ESCOLHAS NESTE FESTIVAL DA CANÇÃO

 

O MELHOR POEMA: Bem mais além - António Avelar de Pinho

A MELHOR MÚSICA: Bem mais além - José Marinho

A MELHOR INTERPRETAÇÃO: Vânia Oliveira em Sei quem sou (Portugal)

O MELHOR VISUAL: Lara Afonso em Alma nova

A MINHA PONTUAÇÃO PARA A VENCEDORA (0 a 10): 2

A MELHOR COREOGRAFIA / APRESENTAÇÃO EM PALCO: Vânia Oliveira em Sei quem sou (Portugal)

AS MAIS EUROVISIVAS: Bem mais além / Sei quem sou (Portugal)

A MINHA CANÇÃO PREFERIDA: Bem mais além

A PIOR CANÇÃO: Na noite és tu e eu

QUALIDADE MÉDIA DAS 12 CANÇÕES (0 a 10): 3,9

CARIMBO O PASSAPORTE À  CANÇÃO VENCEDORA?: Não!(Canção extremamente medíocre e muitíssimo mal interpretada pelas Non-Stop. Nada nesta canção é passível de bons adjetivos, desde o poema à melodia inerente. Na Eurovisão, para além de uma péssima prestação vocal, a indumentária que as Non-Stop envergaram era de um mau gosto atroz, o que levou a que nos fosse atribuído o prémio “Barbara Dex”. Sem sobra de dúvida um ano péssimo para Portugal a todos os níveis).

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