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Parabéns Festival da Canção - Hoje revisitamos o Festival da Canção de 1969

04/08/2014 por Miguel Meira

O VI Grande Prémio TV da Canção teve lugar a 24 de Fevereiro e foi pela primeira vez fora dos estúdios da televisão, no Teatro São Luiz, em Lisboa.

A apresentação do espectáculo esteve a cargo de Lourdes Norberto, actriz, que foi muito criticada na época dado a não ter experiência nenhuma na apresentação televisiva. O espectáculo deste ano pela primeira vez foi dividido em várias parte, dada a pompa e circunstância de ter sido num teatro. Na primeira parte, Maria Fernanda apresentou os cinco vencedores dos Festivais anteriores que interpretaram os temas com que ganharam o certame. Assim subiram ao palco António Calvário (FC1964), Simone de Oliveira (FC1965), Madalena Iglésias (FC1966), Eduardo Nascimento (FC1967) e Carlos Mendes (FC1968). A segunda parte foi o desfile das 10 canções concorrentes e na terceira parte coube aos 18 júris distritais escolherem a canção vencedora. Após a entrega dos prémios e na última parte do espectáculo Maria Teresa de Noronha interpretou 10 fados do seu repertório. Apesar de tão longo espectáculo, o telespectador apenas visionou o Festival em si, ou seja, a segunda e terceira partes, sendo o restante apenas para o público presente no Teatro São Luiz.
 

Entre os concorrentes estavam figuras já experientes no Festival RTP, nomes que depois viriam a ter muito impacto na música portuguesa e nomes que apesar de terem tido alguma influência no final dos anos 60, inícios dos anos 70, hoje encontram-se injustamente esquecidos. No primeiro lote tínhamos Simone de Oliveira, Madalena Iglésias, Artur Garcia e o Duo Ouro Negro. No segundo lote de cantores encontramos Fernando Tordo, vindo de grupos como os Daltons e os Sheiks, e Maria da Fé, que já tinha uma carreira no fado e que se torna a primeira fadista a participar no Festival RTP. No grupo dos cantores com menor importância estavam Daniel, que começara a sua carreira um pouco antes do Festival, inserido nos intérpretes “baladeiros” da época, Tereza Paula Brito, que colaborou com Carlos Paredes e José Afonso em várias ocasiões, Lilly Tchiumba, angolana que interpretava sobretudo canções da sua terra natal e Valério Silva, cantor madeirense, que durante os anos 60 obteve alguma notoriedade com o grupo Os Dinâmicos.
 

Simone de Oliveira foi a vencedora da noite com o tema “Desfolhada”, obtendo 94 pontos, sendo os júris mais benevolentes os de Évora (14 pontos), Setúbal (9 pontos) e Viana do Castelo (9 pontos). Simone ficou a 45 pontos do 2º lugar, o Duo Ouro Negro. O Festival Eurovisão da Canção decorreu nesse ano em Madrid, com 16 canções concorrentes. A expectativa era grande na delegação portuguesa dada a qualidade da canção e também a que no ensaio geral se teria classificado em 3º lugar. No entanto, na grande noite, a “Desfolhada” fica em penúltimo lugar apenas com 4 pontos (2 dados pelo júri de Espanha, e 1 pelos júris da Bélgica e França). Foi sem dúvida a maior injustiça feita a uma canção portuguesa na Eurovisão e que inicia um movimento de apoio a Simone apoteótico que culmina com a chegada de comboio a Santa Apolónia onde a aguardavam cerca de 20.000 pessoas.

 

Prémios:

O melhor poema - Ary dos Santos em Desfolhada.

Melhor música: Nuno Nazareth Fernandes em Desfolhada

Melhor interpretação: Simone de Oliveira em Desfolhada.

Melhor visual: Lilly Tchiumba em Flor Bailarina.

As mais eurovisivas: Desfolhada, Tenho amor para amar e Vento do Norte.

A pior canção:  Fios da esperança.

A minha canção preferida:  Desfolhada.

A minha pontuação para a canção vencedora (0-10): 10 pontos.

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