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Memórias do Festival - Hoje com Sara Pinto

19/08/2014 por Miguel Meira

Sara Pinto é oriunda do Porto e é fadista. Desde cedo se destacou pelo seu timbre. Foi com o Festival RTP 1990 que ficou conhecida.

Edita nesse ano o seu primeiro trabalho intitulado Raminho de Violetas. Com esse trabalho participa em vários programas na televisão, tendo sido convidada para fazer um dos programas Notas para Si, em 1992. Editou posteriormente um trabalho dedicado a Amália Rodrigues, a sua grande referência, com o título Cristal de Saudade, onde interpretou grandes fados de Amália. Foi convidada da Grande Noite do Fado 1995, onde interpretou Sou Filha das Ervas. Participou em vários programas aquando das homenagens que se prestaram a Amália Rodrigues, depois da sua morte. Continua a cantar sempre que é convidada e a mostrar a sua voz melodiosa.

 

 

Festivais da Canção - Que memórias tem dos festivais em que participou?

Sara Pinto - Quanto às memórias do Festivais da Canção em que participei, tive e tenho a sorte de estas ficarem para sempre guardadas como um marco importante e diria até bonito na minha carreira artística, principalmente o primeiro com o tema "Deixa Lá (O pior já passou)", letra de Alexandra Solnado e música do meu querido amigo Paulo de Carvalho. Foi um Festival a convite da editora Sony Music, para quem gravei na altura e que aceitei de imediato porque achei que era uma mais valia para eu ficar conhecida, além do tema o qual amei e que também tive o privilégio de ser a primeira a apresentar a guitarra portuguesa num Festival da Canção.

Quanto ao segundo em que ganhou a Sara Tavares, esse foi a convite da RTP e que por acaso já não estava tão empolgada, mas porque insistiram aceitei com todo o gosto e o tema era bem diferente e o qual também gostei de o cantar, muito embora já tenha sido um festival com um contexto bem diferente mas que só pelo interesse das pessoas que me convidaram embarquei, mas já não com tanto entusiasmo, até porque muito sinceramente desde os ensaios que tinha a certeza que era a Sara Tavares que ia ganhar e na verdade muito bem entregue esse prémio. Foram portanto dois marcos importantes na minha vida e na história da minha carreira.

Também participei num outro Festival na Alemanha, mais concretamente em Nuremberga, também a convite da RTP e que levei uma canção da autoria do Jorge Fernando e que também foi um marco para mim muito importante porque mais uma vez foi a RTP quem me convidou.

 

FC - Existe alguma história ou curiosidade sobre a sua participação no Festival que queira partilhar connosco?

SP - Quanto à segunda questão, tenho sim e acho que já mencionei um pouco na primeira pergunta foi a novidade e a beleza da presença da guitarra portuguesa, que a ideia foi do Paulo de Carvalho e dele tenho uma pequena história que foi tão agradável e a preocupação que ele teve em que eu me sentisse bem e confortável comigo mesma, até porque era a primeira vez que eu faria algo de tão sério. Então quando cheguei ao meu camarim no Casino Estoril onde se realizou este festival, tinha à minha espera a Helena Isabel, companheira dele nessa altura, e que me deu muita força e apoio e claro a presença da Alexandra Solnado, autora do poema, mas o mais curioso e que me deixou meia sem jeito foi quando alguém bateu à porta e me entregou um bouquet lindíssimo, o qual tinha sido o Paulo o me mandou entregar e fiquei sem jeito e bastante emocionada com tal facto. Para ser sincera senti-me super mimada e com mais vontade de fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para não desiludir ninguém e acima de tudo todas as pessoas que apostaram em mim. Foi na realidade um Festival que amei fazer!!

 

FC - Fale-nos sobre os temas que interpretou.

SP - Quanto ao primeiro tema que interpretei foi um dos temas que o Paulo me tinha ofertado e que tinha acabado de gravar em estúdio mas com outra sonoridade e que foi o escolhido para apresentar no Festival, o qual gostei imenso porque acima de tudo era e foi algo de muito diferente e que eu sabia que iria ser uma novidade para apresentar num Festival e digo isto porque foi o desafio de apresentar pela primeira vez a guitarra portuguesa e por isso a beleza e apresentação do nosso instrumento mais valioso relativamente à nossa cultura musical na área do fado e aí estava também presente a fadista que mais tarde iria apresentar um álbum com fado fado. Ou seja, amei tudo o que este tema representava para mim e que mesmo sem a ambição de ganhar eu tinha a noção que iria revolucionar um pouco o Festival da Canção com a presença deste instrumento e acho que consegui, porque mais tarde aparece a nossa querida Dulce Pontes com a Lusitana Paixão e a nossa guitarra portuguesa. Fiquei feliz e digamos que um pouco vaidosa porque tinha conseguido aquilo em que eu tinha apostado, a guitarra portuguesa num Festival da Canção.

O segundo tema também amei cantar, muito embora tenha sido uma canção diferente mas que aceitei interpretá-la até porque falava do Alentejo, o qual amo de verdade e a sua sonoridade também um pouco com um contexto à parte do que era habitual nos festivais e por isso talvez diferente das outras canções, ou seja acho que tive a sorte de fazer dois festivais com dois temas bem diferente mas com bons autores e compositores e acima de tudo a qualidade estava presente. E quando falo em qualidade, foi desde início a minha condição era apresentar canções com qualidade independentemente de ganhar ou não, porque não era esse o objectivo principal, mas sim eu sentir-me bem com o que estava a interpretar e considero que tive essa sorte e realização pessoal.

 

FC - Para si qual é a melhor canção de sempre que passou pelos Festivais RTP (vencedora ou não)?

SP - Quanto à melhor canção e com uma super e brilhante interpretação foi para mim sem dúvida a "Desfolhada" de Simone de Oliveira e mais tarde a Dulce Pontes com a "Lusitana Paixão".

 

Sara Pinto participou duas vezes no Festival RTP da Canção

 

1990 - "Deixa Lá (O Pior Já Passou"

1994 - "Este Alentejo"

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