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Memórias do Festival - Hoje com Tonicha

18/06/2014 por Miguel Meira

Tonicha nasceu em Beja, a 8 de Março de 1946. Começou a cantar nos anos 60 sendo que até então mantém uma carreira profissional.

É um dos nomes ímpares da nossa música, tendo participado em inúmeros festivais como o Festival da Figueira da Foz, Festival RTP da Canção, Olimpíadas da Canção (Atenas), Festival Internacional da Canção (Rio de Janeiro), Festival da OTI, Taça da Europa de Cantores (Knokke), trazendo sempre boas classificações para Portugal a nível internacional.

Com o seu marido João Maria Viegas, falecido no passado ano, fez uma enorme parceria na divulgação do folclore popular, no entanto Tonicha cantou músicas típicas dos anos 60, cantou temas de intervenção, muitos deles da autoria de Ary dos Santos, tendo sido uma cantora exímia que ao longo dos tempos se adaptou a vários géneros musicais. Cantou grandes poetas e foram vários os êxitos por si interpretados dos quais destacamos: "A Tua Canção Avózinha", "Poema Pena", "Glória, Glória, Aleluia", "Parole, Parole", "Portugal Ressuscitado", "Zumba Na Caneca", "Tu És o Zé Que Fuma", entre muitos outros.

Participou no filme "Sarilho de Fraldas", ao lado de Madalena Iglésias e António Calvário. Participou pela primeira vez no Festival RTP em 1968 com dois
temas: "Fui Ter Com a Madrugada"e "Calendário", onde com o primeiro tema se classificou em 2º lugar apenas 2 pontos do primeiro lugar. Voltou em 1971 com o seu tema mais conhecido, "Menina" da autoria de Ary dos Santos Nuno Nazareth Fernandes, tendo representado Portugal na Eurovisão onde alcançou um brilhante 9º lugar, a melhor classificação de Portugal até então. Foi considerada também uma das cantoras mais bonitas desse ano. Participou novamente no Festival RTP em 1973 com o tema "A Rapariga e o Poeta" e mais tarde em 1978 foi uma das cantoras convidadas pela RTP para interpretar quatro temas: "Pela Vida Fora", "Um Dia, Uma Flor", "Canção da Amizade" e "Quem Te Quer Bem, Meu Bem". Esta foi a sua última participação enquanto concorrente, tendo ainda sido convidada para interpretar "Amor Português" no Festival RTP 1982, mas que recusou. No entanto, continuou a ser presença assídua em diversos espectáculos relacionados com o Festival como foi a sua participação nos entre-acts de 1989, 1997 e 2000. Participou em 2010 na peça musical "Vozes do Trabalho", no Teatro da Trindade.
 

Tonicha continua a cantar sempre que possível, tendo na actualidade alguns espectáculos em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no âmbito do projecto "Encontros com Vida". Foi recentemente condecorada com a Medalha de Mérito Artístico e Cultural da Câmara Municipal de Beja, sua terra natal.

 

Festivais da Canção - Que memórias tem dos festivais em que participou?

Tonicha - A minha primeira memória é de 1968. Era muito jovem e fiquei frustrada com o segundo lugar. Aguentei estoicamente, mas, quando cheguei a casa, chorei. Há até uma fotografia que saiu numa revista da época, em que eu estou sentada na base de uma câmara de televisão com um ramo de flores nas mãos e com um ar muito triste. Do Festival de 1971 guardo as melhores memórias, obviamente. Foi uma festa e um grande impulso para a minha carreira, corri o mundo a seguir a esse festival. O trabalho com o José Carlos Ary, a partir daí, foi muito intenso. Fez-me cerca de 50 canções.

De 1973, lembro-me de ter um vestido belíssimo com um bordado à cintura, de um famoso costureiro, Sérgio Sampaio. Estava tão magra. Há umas fotos muito engraçadas do José Carlos a abraçar-me nos camarins. Mas a minha canção não era dele, era do José Niza e do José Calvário, “A Rapariga e o Poeta”. Em 1978 cantei quatro boas canções. O espectáculo foi uma pobreza, sem orquestra. A Elis Regina era a artista convidada e a presidente do júri.

 

FC - Existe alguma história ou curiosidade sobre a sua participação no Festival que queira partilhar connosco?

T - Lembro-me de uma história muito caricata. Quando ganhei o Festival de 1971 e já ia a sair do Tivoli, vi uma multidão de gente fora e no hall do teatro. Nisto, um sujeito muito simpático coloca-me um fio ao pescoço e alguém tirou fotografias. No dia seguinte, aparece a minha fotografia numa revista como publicidade à marca desse fio. Tivemos de pôr um advogado a tratar do assunto.

 

FC - Fale-nos sobre os temas que interpretou.

T - A “Menina do Alto da Serra” foi o sucesso que se conhece. Passei a ser conhecida pela “Menina”. Foi a canção dos Festivais que mais cantei. Encontrei sempre públicos que a cantavam de cor e que se emocionam ainda hoje quando eu a canto. Aconteceu-me isso no Verão passado em Toronto.

 

FC - Para si qual é a melhor canção de sempre que passou pelos Festivais RTP (vencedora ou não)?

T - Há canções lindas que ficam na história da música portuguesa: “Canção de Madrugar”, “Cavalo à Solta”, “Madrugada”, “Flor Sem Tempo”, “Estrela da Tarde”. É claro que não posso deixar de mencionar a minha “Menina”.

Tonicha participou nos seguintes Festivais:

1968 - "Fui Ter Com A Madrugada" e "Calendário"

1971 - "Menina"

1973 - "A Rapariga e O Poeta"

1978 - "Pela Vida Fora", "Um Dia, Uma Flor", "Canção da Amizade" e "Quem Te Quer Bem, Meu Bem".

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