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Emanuel

02/03/2014 por Miguel Meira, Carlos Portelo

Emanuel é um dos compositores e cantores mais populares e com maior expressão, a nível de vendas discográficas do nosso país.

Criou um estilo próprio não se prendendo ao mesmo definitivamente, procurando enriquecer a sua música com novas sonoridades, sempre a par das novas tendências e estéticas musicais, sem contundo fazer uma rutura com a música que o tornou famoso juntos dos portugueses e não só.

 

Hoje Emanuel relembra as duas canções que teve em festivais anteriores: Em 1991, Com muito amor e em 2007 Dança comigo (vem ser feliz) na interpretação de Sabrina, ao mesmo tempo que nos fala da sua canção concorrente ao Festival da Canção deste ano: Quero ser tua que vai ser defendida em palco por Suzy.

Festivais da Canção – Que memórias tem do(s) Festival(ais) em que participou?
Emanuel - No primeiro Festival da Canção em que participei, aprendi que, quando não estamos em condições físicas para defender a canção (eu estava quase afónico, devido a uma faringite aguda), temos de ter a coragem, mesmo que seja à ultima da hora, de desistir e de deitar por terra ou adiar um sonho antigo. Percebi também, que um evento desta grandiosidade e magnitude exige muito mais do que fazer uma canção gira e trauteável. É necessário experiência e ter a consciência plena do que é fazer verdadeiramente música, que poderá vir a competir e a enaltecer a cultura musical lusitana além fronteiras.
Todos temos direito à nossa opinião e devemos exprimi-la sempre que possível, mas, no fim, são as melhores canções que perduram na memória dos tempos, tenham ou não vencido o Festival da Canção. As memórias e os grandes momentos são feitos por aqueles que fazem canções de que o grande público gosta e recorda. Veja-se, por exemplo, o que aconteceu com algumas das canções das Doce, da Alexandra ou de outros intérpretes que, não ganhando o festival, apresentaram canções que ainda hoje o público recorda com saudade.

No segundo festival em que concorri, foi já com mais de uma década de prática nesta profissão, o qual ganhei por vontade do grande público. Aprendi muito com essa experiência, especialmente a que adquiri esse mesmo ano na Finlândia, durante a semana eurovisiva. Recordo com saudade e muito orgulho a honra que foi representar o meu país num evento musical internacional daquela envergadura. Tenho a honra e a dignidade de dizer que alcançamos 88 pontos, deixando para trás 17 países.


FC – Existe alguma história ou curiosidade sobre a sua participação no Festival que queira partilhar connosco?
Emanuel - Em Helsínquia, fizemos a reunião técnica com os representantes da RTP e com os técnicos do ESC. A meu pedido, fizemos uma sessão de trabalho extra com o técnico (chefe) de palco, para o informar dos requisitos necessários para a nossa intérprete. Recordo-me que, na altura, tivemos o cuidado de mandar fazer uns in-ear’s (auriculares) exclusivos em França, já que queríamos ter a certeza que a Sabrina se sentia bem com o aparelho, antes de subir ao palco para ensaiar.

Assisti ao primeiro ensaio e, no dia seguinte, viagem para Bordéus para fazer um concerto, que estava agendado antes de saber que iria representar Portugal no ESC. Quando regressei - cheguei ao hotel à 1h30 da manhã, não tendo dormido na noite anterior – antes de me deitar, quis ver e ouvir a gravação do segundo ensaio da Sabrina. A minha cantora, como é natural, tinha acusado a responsabilidade e percebi que tinha de fazer algumas alterações urgentes nas vozes.

Para ajudar à “festa”, o palco era mais pequeno do que pensávamos e apresentava um piso de vidro, o que implicava alterações na coreografia dos bailarinos. Foi uma autêntica odisseia poder encontrar um local para poder ensaiar e repensar na prestação em palco. A solução foi alugar um bar (no dia de folga) e entre o balcão e as mesas fazer os ensaios pretendidos.

Estava bastante ciente da responsabilidade de representar Portugal e da importância de não desiludirmos os fãs e os emigrantes espalhados pelo mundo, o que levou a que não descansasse antes de ter tudo a funcionar da melhor forma e de ter a certeza que fiz e dei o meu melhor e todas as minhas forças para batalhar por um lugar condigno e que orgulhasse o nosso país. Para atingir os nossos objectivos foi preciso trabalho árduo, sentido de sacrifício e capacidade de improviso. Para nós não foi só um concurso, foi a oportunidade de mostrar a capacidade dos portugueses e a qualidade que existe no panorama musical português.

Numa eliminatória com 28 países, deixámos para trás 17 e só não passámos à final porque as nações de Leste dividiram os votos entre si e porque, ironicamente, Portugal deu a pontuação máxima (12 pontos) à Moldávia, que ficou à nossa frente apenas por 4 pontos, tendo alcançado o décimo e ultimo lugar na final. É a vida!!

FC – Fale-nos sobre o(s) tema(s) que compôs.
Emanuel - Como é meu apanágio, decidi este ano concorrer com uma canção alegre, ritmada e sensual, onde se misturam musicalidades e ritmos de várias partes do mundo.

Tem todos os requisitos para ser assimilada muito rapidamente e por (?) agradar fortemente o público e os muitos que seguem a minha carreira de perto e que apreciam a minha música. É uma canção que foi composta à imagem da minha intérprete – bonita, simpática, talentosa e… Bom, o melhor será mesmo ouvi-la no dia 8.

FC – Para si qual é a melhor canção de sempre que passou pelos Festivais RTP (vencedora ou não)?
Emanuel - Ao longo destes 50 anos, passaram muitas, grandes e fabulosas canções pelos palcos do Festival da Canção. Foram canções que ficaram na memória do público e que marcaram a história musical recente do nosso país. Por serem tantas as canções que me vêm à memória, creio que não seria justo destacar nenhuma particular.

 

Fonte: Festivais da Canção, Emanuel

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